Jeep: de veterano de guerra a ícone off-road

Necessitando de um aumento de frota durante a Segunda Guerra, Willys e Ford fabricaram 600 mil veículos  Foto: Banco de Dados / Divulgação

Concebido durante a Segunda Guerra Mundial, utilitário inspira segmento na indústria moderna

Jeep é uma marca registrada atualmente pelo Chrysler Group LLC, agora comandado pela Fiat. Mas o termo jipe virou sinônimo de automóveis destinados ao off-road, ou fora de estrada. A denominação inicial ainda existe, no conglomerado ítalo-americano, com os Jeep Grand Cherokee, Compass e Wrangler. Atualmente, as trilhas e as aventuras por terrenos difíceis e sempre deslumbrantes, em veículos dotados com modernos equipamentos e dispositivos, representam mais do que um esporte. Viraram um estilo de vida.

Como outros ícones da indústria automotiva ou de qualquer outra área, a origem do nome Jeep tem variações. Duas, porém, são as mais interessantes. O termo seria uma adaptação da pronúncia em inglês da sigla GP (general purpose), em livre tradução, “para uso geral”.

Mais curioso e divertido vem com outra versão. Em fase de testes, antes de ser incorporado ao exército norte-americano para a II Guerra Mundial, o utilitário foi avaliado pelo sargento James T. O’Brien, ligado à 109ª companhia, em Fort Ripley (Charleston). Especialista em mecânica, o militar teria chamado o veículo de Jeep, em referência ao personagem Eugene the Jeep, de 1936, da história em quadrinhos Popeye, de E. C. Segar. Eugene the Jeep era uma criatura mágica, amável e exótica, de sexo indeterminado, com poder de ir e vir a todos os lugares e de resolver qualquer tipo de problema. Semelhante ao futuro (para a época) veículo off-road.

A partir de 1938, quando a Europa estava se transformando no palco do conflito, o exército norte-americano divulgou aos fabricantes que estava fazendo pesquisas sobre um carro leve de reconhecimento, para substituir as motos com reboque lateral, tradicionalmente usadas em missões avançadas. C.H. Payne, da American Bantam Car Co., apresentou no verão de 1939 um projeto com três veículos, pesando 580 quilos cada. Depois de testados, todos foram recusados por serem muito leves e sem utilidade militar.

Em 1940, Karl Probst, engenheiro da Bantam, entregou um protótipo chamado Blitz Buggy em Fort Holabird (Baltimore). Gene Rice, do escritório de projetos da Willys-Overland, estava entre as pessoas que assistiam aos testes. Admirado com a agilidade e resistência do veículo Rice retornou a Toledo para trabalhar no seu projeto. No final daquele ano, dois protótipos da Willys foram oferecidos aos oficiais em Fort Holabird. Denominados Quad, tinham tração em duas ou quatro rodas, provocando revolta na Bantam, que acusou a rival de espionagem.

Do conflito para as ruas

Também expectadora na apresentação em Fort Holabird, a Ford resolveu construir a sua versão do veículo militar. Ao final do processo de criatividade, os protótipos da Bantam, Willys e Ford tinham muitas semelhanças. Mas as especificações de potência e de peso (1,09 mil quilos) da Willys agradavam mais aos oficiais do exército.

Em julho de 1941, a empresa ofereceu condições mais vantajosas e a possibilidade de produção de 125 veículos por dia, em um total de 16 mil por ano. Necessitando de um aumento da frota, o exército exigiu que a Willys enviasse os desenhos à Ford. Durante a II Guerra, as duas montadoras fabricaram 600 mil veículos. A Bantam entregou somente 2,67 mil, a maior parte indo para a Inglaterra e a União Soviética.

Após o final da guerra, a Willys registrou o nome Jeep e assumiu a versão civil do utilitário. No Brasil, o carro foi lançado nos anos 1950. Foi produzido até o início da década de 1980 pela Willys-Overland e pela Ford, que herdou os projetos durante a guerra e assumiu depois o controle da concorrente e, mais tarde, da Chrysler.

Gerações do rato do deserto

Em 1966, a TV norte-americana estreou a série The Rat Patrol, exibida no Brasil com o título de Ratos do Deserto. As histórias eram ba-seadas nos combates dos Aliados, a bordo dos primeiros jipes, contra os exércitos da Alemanha e da Itália no norte da África, mas tinham poucas semelhanças com a história real, a começar com os personagens: em vez dos britânicos do grupo original, comandado pelo major Ralph Alger Bagnold (1896-1990), a série tinha como protagonistas soldados norte-americanos, que nunca participaram daquelas batalhas. Ratos do Desertos utilizava exemplares dos Jeep fabricados durante a guerra.

A Land Rover é uma das pioneiras e mais conceituadas na fabricação de veículos off-road. Em 1947, os irmãos Willys, diretores da fábrica britânica, tiveram a ideia de produzir um modelo para o público civil. Usaram uma adaptação do chassi robusto de um Jeep Willys da II Guerra, com motor a gasolina Rover e caixa de câmbio e tração traseiras. Em 1948, o carro foi apresentado no Salão de Amsterdã, com a produção começando em 1949.

Além dos Jeep Willys e Ford, o mercado brasileiro já teve a Rural – também das duas fabricantes –, o DKW Candango, o Toyota Bandeirante e o Lada Niva. De 1971 a 1972, os primeiros protótipos da versão russa foram fabricados com teto de lona e motor Fiat 1.3. O off-road teve produção de 90 mil unidades por ano em seu auge. A configuração com chassi monobloco, suspensão dianteira independente e traseira de feixe de molas do SUV russo eram uma novidade para a época.

Fonte: Zero Hora

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